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segunda-feira, 22 de junho de 2009

"ADÚLTEROS EM CANA"

"Foi noutro dia, num prédio da Rua Barata Ribeiro. Quando chegou a polícia, naquela viatura da Polícia Secreta Portuguêsa, que quando encosta no meio-fio todo mundo manja, os vagabundos que circulavam pela redondeza pararam logo para ver o bicho que ia dar. Que é qui foi, que é nao foi - ficou-se sabendo que era um marido cretino, interessado em dar flagrante de adultério na mulher. Ora, uma bossa dessas dá mais renda que Fla x Flu. Enquanto as autoridades subiam em companhia do cocoroca enganado, juntou mais gente embaixo que mosca em banheiro de botequim. E foi aí que nossa reportagem descobriu um fato interessante na psicologia das multidões: tava todo mundo torcendo pela adúltera. Quando ela apareceu no asfalto, nervosa e pálida, foi aquela salva de palmas, consagradora. Ao passo que o marido, apontado por um dos circunstantes com o grito esclarecedor de "p corno é aquele alí", foi saudado com uma vaia firme a até certa forma surpreendente.
Mas deixa isso para lá. Eu só contei porque o episódio me pareceu deveras interessante, e dele me lembrei por causa da notícia que acabo de ler aqui no jornal. É sobre o novo código penal na Argélia. Aqui no Brasil, entre as muitas reformas que a "redentora" prometeu e que não fez ainda, estava incluída a do Código Penal. Daí, eu me interessei pelo que o jornal dizia; principalmente por este trecho: " O adultério tornou-se ontem um crime sob a lei argelina, e a mulher será punida duas vezes mais fortemente que o homem. O novo Código Penal dispõe que a mulher que cometer o adultério é passível de dois anos de prisão. Já para o homem a pena máxima é de um ano. O novo código pune, ainda, o homossexualismo com uma pena de três anos de prisão".
Está aí um troço que aquela turma daquela tarde da Rua Barata Ribeiro ia vaiar, na certa. Por que metade da pena para o homem, se para o pecado do adultério são precisos um homem e uma mulher? Ora, numa disputa dessas é muito difícil dizer qual dos dois está pecando mais.
Desconfio que o código argelino está injusto. E sabem por que? Primo Altamirando, quando leu a notícia elogiou muito e ainda me chamou a atenção para o detalhe dos três anos, que pega o bicharoca na Argélia. E com essa desfaçatez peculiar ao seu deformado caráter, comentou:
- "Coitada da adúltera que se meter com um bicha lá na Argélia. Vai pegar cinco anos de cana. Dois de adultério e três de frescura".

Queridos amigos, trancrevi o texto acima do livro " O Festival de Besteira que Assola o País", de Stanislaw Ponte Preta, cognome do jornalista Sérgio Porto.
Em 1966, na quarta edição, no tempo que morávamos no Estado da Guanabara.
Talvez, alguns de vocês ainda se recordem dele. É para comparar os dias de hoje. É hilário, não é?

Um abraço e tudo de bom!

5 comentários:

  1. Zilda, estamos em sintonia!!!!! Cheguei a acompanhar alguma coisa do Stanislaw!!!!! Abraço!!!!!

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  2. Carlos, muito obrigada pela sua visita! Realmente, estamos em sintonia, mesmo em épocas diferentes. rsrsrs
    Abraço!!!

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  3. Sim amiga Zilda conheci o Ponte Preta e seus famosos escritos. E esse na época com certeza fêz sucesso.

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  4. Oi, Antonio Paulo
    Bons tempos aqueles, nesse ponto sou saudosista sim!
    Muito obrigada pela visita e um abraço!

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  5. Muito bom texto!!E os legisladores esqueceram de penalizar os demais adúlteros;aqueles que adulteram a vida alheia,as contas alheias,a saúde alheia,as palavras etc...Quando Jesus falou"Raça de adúlteros" incluíu todos...Beijos!

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