COMO TRATAR DO CÂNCER DE MAMA?

No Jornal "O Globo" de ontem, domingo, 03/07/2011 li uma entrevista do Dr. Ronaldo Corrêa, oncologista do INCA, na qual ele diz que a descoberta tardia do câncer de mama ajuda a explicar a alta mortalidade. Mas, alerta que mamografia só não basta para melhorar a detecção.
Em uma das perguntas: "melhorar o acesso à mamografia não poderia ajudar a reduzir a taxa de mortalidade?"
Resposta do Dr. Ronaldo Corrêa: "no Brasil de 10 casos de câncer de mama, 7 são palpáveis, ou seja são passíveis de ser diferenciados em um exame clínico. Deixar essa prática de fora é dar peso demais à mamografia".


Quero lembrar ao doutor Ronaldo Corrêa que há uma lei a 11.664, de 2008 que assegura o direito a que se refere o quadro acima, tão divulgado pelo governo.
Além do mais, a presidente Dilma , já eleita, disse que quer que todas as brasileiras tenham o mesmo tratamento que ela teve, quando com câncer. 
O que mais me irrita é essa hipocrisia que não sei bem de onde vem mais forte, do governo ou dos médicos.
Sabemos que não há mamógrafos suficientes para as brasileiras pobres fazerem seus exames preventivos de câncer de mama. Talvez por isso, alguns médicos, como o dr. Corrêa descaracterizarem a importância da mamografia. Mesmo que os médicos atendessem, examinassem e indicassem o exame não seria possível pela falta de mamógrafos e de técnicos preparados para fazer o exame.
No SUS, onde deveria ser respeitada a lei que dá o direito às brasileiras ao exame de mama, uma simples consulta em um médico clínico demora algum tempo para ser marcada. Depois há necessidade de que esse mesmo clínico encaminhe a suposta doente de câncer (porque prevenção não existe no SUS) a um mastologista que aí verá da necessidade ou não de ser feita a mamografia.  Daí já se passaram meses e a mulher, se estiver mesmo com câncer, fará parte daquela estatística a que se refere o dr. Ronaldo Corrêa: "no Brasil a chance de uma mulher morrer de câncer de mama está em torno de 30%, enquanto nos países mais avançados fica entre 17% e 18%.
A diferença é uma só, nos países mais avançados (onde se dá importância à saúde) há realmente prevenção, quando que no Brasil o INCA só cuida de casos constatados de câncer e o governo da prevenção só faz a propaganda na televisão.
Fico indignada quando vejo, anualmente, aquela propaganda aconselhando as mulheres a fazerem mamografia para evitar o Câncer de Mama. Corridas, caminhadas, botons, camisas, tudo investido na propaganda e não na saúde.
Essa propaganda de prevenção é destinada à quem? Nós sabemos que ela tem um destino certo: as mulheres que têm plano de saúde e aquelas que podem pagar as mamografias em clínicas particulares e são atendidas por médicos ídem.
Hoje o "JN da TV Globo" terá uma reportagem a respeito de tão delicado assunto, vale a pena ver  para saber com quem está a verdade da saúde dos brasileiros pobres, aqueles que votaram e confiaram nos seus candidatos, que muito prometeram.
De quem será a hipocrisia?